Hoje eu pareço uma pintura.
Meio abstrata, meio velha.
Admirada, fria, quente.
As pessoas passam sem olhar pra esse quadro sem moldura.
Outros imaginam coisas melhores pra ela. E até a repudiam.
Há quem comente que já viu melhores, ou que a pintura já foi
melhor. Alguns enxergam uma tristeza escondida no canto superior direito.
Tem quem ache graça no riso bobo, tem quem julgue tamanha
imaturidade.
Tem um pouco de poeira. Tem um tanto de saudade. Tem dor.
Tem nada. Tem tudo.