sábado, 28 de novembro de 2020

led branca

eu costumava escrever
e dançar
e teatrar
e musicar também

a gente se parece mais com os nossos pais do quê imaginamos

assim sendo, me abandonei?

eu ia comprar luzinhas brancas, ia sim

põe 10 minutos de soneca, seja quinta ou seja por uma noite medíocre
quê será que realmente me rouba o sono?

a dança é o jogo de cintura do ambiente corporativo
o teatro em meu viver é a improvisação nos momentos em que eu não sei a resposta
o restante ficou na casa que tinha um pé de goiaba gigante
e a música é a trilha do percurso para o trabalho
para cozinhar
para limpar

me cura

a voz de quem me trouxe ecoa e eu me pergunto: onde estão?
nas minhas memórias, tudo é tão maior
o sanduíche, o portão rosa, o rádio relógio ligado na Itatiaia 24 horas

quero tirar de mim, mas não dá
quero não sei o quê
e não quero com certeza absoluta ser como meus pais, em agradecimento à eles por tudo!


comprei, na verdade, coloridas
e esse sim, é meu primeiro Natal
e nesse nascimento quero me enterrar

e entregar pra terra tudo que não consegui resolver em mim

estou em casa e moro em mim

domingo, 8 de dezembro de 2019

8 de dezembro

já vivi essa manhã nublada, há alguns anos atrás.

O sentimento não é de batismo, é de reencontro.. entre mim (e todos os meus defeitos) com a espiritualidade (que me acolhe do jeito que sou)

Tive a liberdade de escolha de um jeito que me assustou de início. Como não lembrar do que se passou? Do autoritarismo? Da carta de renúncia? Das regras desregradas? Da religião que me adoeceu, me separou da minha família, me condenou ao inferno por ser quem eu sou? Escolhi batizar por mim, dessa vez.
Por não querer mais lembrar desse momento com tanta dor..

Fiquei ansiosa, nervosa, sem dormir, sem lugar pra colocar as mãos e chorei. Antes, durante, depois. Choro agora escrevendo e lembrando da caminhada.
Chorar faz parte da minha rotina, não como algo negativo. Me emociono com o viver, muito mais com as coisas boas. Aproveito o dia da iabá Oxum e deixo correr livre o rio que sai de dentro de mim.
Viver é sim, o maior dos milagres. A magia de abrir os olhos é única e diária. Não inventaram preço pra isso ainda.. talvez seja por isso tão desvalorizado..

Andar só não é uma opção. Não pra quem tem Tranca Rua e Jurema à direita. E mãedrinha e paidrinho do outro lado.
O clichê 'eu não escolhi a umbanda, a umbanda que me escolheu' é verdade. A verdade mais forte até esse dia. Pode ser que daqui uns anos eu repita esse ritual em outro lugar, e isso não é ruim. É ser livre.
A verdade e que me sinto grata de uma maneira inédita dessa vez! Não me achava merecedora de tanto amor. Como pode pessoas desconhecidas te cuidarem como se corresse o mesmo sangue nas veias? Por isso nos chamamos por 'irmãos'? Se sim, obrigada mais uma vez por isso também!

O universo adora brincadeiras!
E hoje, eu recebo de volta, da maneira mais linda, toda a energia doada.

Saravá Umbanda ♥️

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Mente, o mundo

escrever como porta de saída
escrever como porta de entrada

é insípido
inodoro
insosso

é competir pra não ganhar
prêmio de consolação: não há consolo

é aprender a dar sem troca, afinal essa é a essência crística, certo?
Oras! Assim sendo, há prêmio sim!

Mas, não se empolgue. Você precisará morrer primeiro. E segundo.. e morrer mais. E passar dias morto antes de ressurgir com uma recompensa. Bem, nada do que é vivido (lê-se 'vendido') aqui é cobrado aqui.
Aqui?
Sendo lá, faz diferença?

Não há recompensa pra rotina que te mata.

sábado, 18 de novembro de 2017

Expresso

1. Covarde

 - Ausência de bravura; que demonstra fraqueza, falta de coragem. Atitude ou gesto que se caracteriza pelo temor, pelo acanhamento, pela falta de ousadia. -

Confundo o som de dentro com o som de fora.
Parece um surdo, me deixa surda.
Às vezes, parece que bombeio o sangue com um coração maior do que meu corpo pode abrigar.

Silencio. Repenso. Reacordo todos os dias.
A rotina se estabelece e fico refém de coisas que não foram escolhidas, como aquela amora no galho mais alto.
Eu tentava pegar sozinha, esticava cada 1,51 de mim e quando levava à boca.. ah! A melhor amora foi escolhida. Assim eram com as goiabas, acerolas, mangas.

Eu não dava importância pros machucados, meus responsáveis, às vezes.. quando descobriam, apenas.
Eu não dava importância pro peso. Nem pro trabalho.

ainda sou criança, só que a brincadeira agora segue as regras da CLT.
(não é tão divertido mais, só que somos treinados a aceitar tudo como algo """bom""")
Seguem os jargões:
Jamais reclame da sua rotina exaustiva e pouco remunerada. Milhares de pessoas dariam tudo pra estar no seu lugar.
Se você quer ganhar mais, faça por onde.
Tudo pode ser, se quiser será.
O sonho sempre vem pra quem sonhar.
Tudo que você quiser o Cara lá de cima vai te dar. Te dar toda coragem que puder.
Obs: ler a palavra 'coragem' com bastante ênfase e paixão.


2. Medo

- Estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários; ausência de coragem. -

Era uma tarde de quinta. Qualquer.
A TV falava sozinha na sala, não parava de chover o dia inteiro. A cozinha do almoço ia ficando pra depois de depois..
em meio a brinquedinhos, fralda cheia de xixi, um saco de bicos (todos meus), pela primeira vez em vida eu me levantei apoiada no pé da cadeira. Avistei um objetivo. Coloquei o joelho ao alto e marchei. Caí em seguida, óbvio.

Queria mesmo me lembrar do meu primeiro passo. Mas essa é só minha visão poética de como teria sido..
Importante: o medo não é um processo natural. Se você tem medo de dar um passo (independente de QUALQUER coisa) busque a sua versão poética de como você deu o seu primeiro passo em vida, se inspire e conquiste o mundo. É tudo nosso!
Obs: usar tom de ironia e sarcasmo nas duas últimas frases.

Vão te colocar dentro de uma caixa, e caso você tente sair, o nome disso é medo.

Sigo tentando ter uma noite de sono inteira, e após uma, quero 7, após 7, quero 30.
Mas ainda não saí da uma.
Sigo.

às vezes, paro, quero ir embora dessa vida. Mas a vida me segue.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

mal-acabado(a)

cigarro

não dá pra fumar sem respirar devagar
música, livros, terapia, meditação, incenso, filmes
só leva a mente
só leve a mente
mas, ah o cigarro!

acalma a respiração
faz mal tanto quanto (me) faz bem

não resolve um único problema (nós humanos gostamos de cultivá-los)

acho que na verdade o segredo não são as substâncias tóxicas que bagunçam o organismo, o segredo é a fumaça fétida, forte e quente

acalma

a sensação que o cigarro causa é o que eu quero, não o cigarro.
aí mora o meu maior impasse no momento: nada que eu faço é tão suficiente quanto uma lenta e boa tragada.

eu ainda não o fiz, mas quero.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Usei meu chapéu hoje.
Limpei um pouco da poeira de um longo verão guardado e foi como se um rio de lembranças percorresse todo o meu corpo..
Quando a mente volta pra casa a milhão não se vê o ponto certo de desembarque. Desce num susto! Há algo no estômago que parece um nó e alguma coisa faz os pulmões diminuírem.
Me falta tanta coisa e o ar principalmente. Sem saber como, entro em outro ônibus, certa de que o certo é uma bobagem!
Me vejo. Poço de vacilos. Por favor, sem dó.
Erro comigo. Com tantos
Com quem eu não queria
Parece que me desmancho junto à janela. Onde encontro o caminho de volta? Preciso dizer alguns ‘nãos’ ao tempo pra assim ter mais tempo de me achar menos estúpida.

‘cada badalo do relógio é um - nunca mais-‘

Nunca mais.

Nunca.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

outubro

Vem floreando o caminho. Muito sol.

e sim, um sorriso seu ilumina uma vida inteira!
quem pode ser séria com o coração dançando desse jeito?
a esquina do futuro sempre aponta, calafrio.

sussurra que nem o vento, vagarosa.

a vontade de poesiar vem junto com a saudade do seu abraço
como faz pra te colar em mim?
pé na areia, água, sal na pele. Sua pele.. vem?

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